As
linhas de Umbanda
1ª. LINHA: OGUM
Como já vimos, Ogum domina a primeira Linha de Umbanda, que controla todos
os fatos de execução e cobrança do carma de cada indivíduo ou grupo, daí serem
soldados.
1. Falange de Ogum Beira-Mar
Colaboradores de Iemanjá, Ogum Beira-Mar trabalha sobre a areia molhada,
enquanto Ogum Sete-Ondas trabalha sobre as ondas.
Aceitam oferendas com velas nas cores branca, verde, vermelha e
azul-clara.
2. Falange de Ogum Rompe-Mato
Ogum Rompe-Mato trabalha para Oxóssi (Ode) e Ossãe, nas matas.
Ogum das Pedreiras trabalha para Xangô, nas pedreiras. Em ambos os casos,
é a mesma falange que trabalha para os dois Orixás, com nomes diferentes.
Rompe-Mato aceita suas oferendas na entrada da mata, nas cores verde, vermelha
e branca, sendo a vela vermelha. Ogum das Pedreiras aceita suas oferendas em
torno das pedreiras, nas cores verde e vermelha (misturadas geram o marrom),
com velas nas mesmas cores.
3. Falange de Ogum Megê
É colaborador de Iansã; seu nome significa “Sete”. É o guardião dos
cemitérios, rondando suas calçadas, lidando diretamente com a Linha das Almas.
Toda sua oferenda será em vermelho e branco, próxima ao cruzeiro do cemitério
(calunga pequena).
4. Falange de Ogum Naruê
Seu nome significa “Aquele que é o primeiro a gerar valor”.
Trabalhando diretamente na Linha das Almas, desmanchando a magia negra,
controla as almas quibandeiras. Aceita suas oferendas com Ogum Megê ou, ainda,
dentro ou fora dos cemitérios, nas cores branca e vermelha. Alguns incluem uma
pedra-ímã nos itens a oferecer-lhe.
5. Falange de Ogum Matinata
Com poucos médiuns que o incorporam, sua falange protege os campos de
Oxalá, os locais abertos, floridos e iluminados. Mas não trabalha directamente
para esse Orixá. Aceita suas oferendas nos campos floridos, nas cores vermelha e
branca.
6. Falange de Ogum Iara
Seu nome significa “Senhor”, trabalhando para Oxum. Suas oferendas deverão
ser entregues na beira de rios, lagos ou cachoeiras, onde vibram, nas cores
vermelha e branca ou verde e branca.
7. Falange de Ogum Delê (ou de Lei)
“Aquele que Toca o Solo”; como seu nome significa, é uma falange que vibra
na linha pura de Ogum. São eles que trabalham diretamente no carma e sua
cobrança, rondando o mundo. Suas cores são vermelha e branca e suas oferendas
podem ser em qualquer lugar, ao ar livre.
Oferendas: todas as falanges citadas recebem velas nas cores indicadas,
cravos vermelhos (alguns aceitam cravo branco também), cerveja branca, ou,
menos comum, vinhos, charutos e fósforos, sobre um pano branco.
Ervas: as mais comuns são espada-de-são-jorge, losna, jurubeba,
comigo-ninguém-pode, romã.
2ª. LINHA: XANGÔ
1. Falange de Xangô Caô
Dominam a sabedoria adquirida com o tempo, atuando nas pedreiras abertas.
Sua cor é o marrom-escuro. É conhecido também como Xangô Velho.
2. Falange de Xangô Alafim (ou Alafim-Echê)
Seu nome vem do título dado ao rei de Oyó, na África. Defendem a pureza
moral, atuando nas pedras solitárias dos caminhos. Suas cores são marrom e
branca.
3. Falange de Xangô Alufã
O Xangô “Sacerdote”, determina as diretrizes dos desencarnados, atuando
nas pedras dos rios, mares, cachoeiras e todas as águas, daí ser o protetor dos
pescadores. Suas velas são o marrom e o branco.
4. Falange de Xangô Agodô
Seu nome significa “Grandeza”, atuando nas pedras mergulhadas nas águas de
toda a espécie, inclusive nas “pedras iniciáticas e na pedra batismal”.
5. Falange de Xangô Abomi (ou Abomim)
“Aquele que derrama água de uma vasilha” ou “Aquele que Batiza”, muitas
vezes é sincretizado com São João Batista, talvez devido ao seu nome. Trabalha
nas montanhas, nas cordilheiras, protegendo nos momentos de angústia, nas horas
de aflições e perdas, inclusive no casamento. Sua cor é o marrom e, nos casos
de amor, oferece-se junto uma vela para Iemanjá.
6. Falange de Xangô Aganjú
É um Xangô jovem, vibrando nas linhas de Xangô e Oxum, trabalhando nas
pedras da cachoeira. Traz harmonia entre as forças de amor e justiça. Suas
cores são o branco e o marrom.
7. Falange de Xangô Djacutá
Seu nome significa “pedra”, dominando a força de Xangô no meteorito e nos
raios, sendo muito invocado nas injustiças que conduzem a aflições, defendendo
as vítimas desses abusos.
Suas cores são o branco e o marrom.
Oferendas: Além das já citadas anteriormente, dedicadas ao Orixá,
basicamente consistem de velas, nas cores indicadas, charutos, fósforos,
cerveja preta, rosas ou lírios brancos.
Ervas: folhas de eucalipto, manga, goiaba, camaná, alecrim e limão.
3ª. LINHA: OXÓSSI
Toda a parte doutrinária e evangélica, com fins de trazer fé às almas
desgarradas no mal, interferindo nos males psíquicos e físicos, pertencem a
essa falange. Daí, por trazer as almas ao caminho do bem, Oxóssi é chamado de
caçador de almas. Rege também a disciplina e obediência.
1. Falange dos Caboclos Peles-Vermelhas
Excelentes doutrinadores, com grande sabedoria, pertencem a antigas
civilizações indígenas (maias, astecas, incas, etc).
Falam estranhos “dialetos” quando “descem”. Nessa falange, entre os itens
básicos que citaremos adiante, entram incenso queimado, folhas de alecrim e
alfazema frescas.
2. Falange do Caboclo Araribóia
Como Oxóssi é caçador, é ele que coordena, na vida material, o trabalho,
com o objetivo de trazer recursos à mesa. Por isso, essa falange se dedica a
proteger aos injustiçados no seu direito de sustento e sobrevivência de suas
famílias, vibrando nas matas das montanhas. Gostam de flores variadas.
3. Falange da Cabocla Jurema
Formada por entidades meigas, amorosas, traz os recursos da Natureza e os
transformam em energias vitais próprias a serem utilizadas em purificação de
locais, pessoas e na medicina espiritual, aos serviços de Oxóssi e Ossãe.
Gostam de muito mel nas oferendas, fitas coloridas, menos o preto.
4. Falange dos Caboclos Guaranis
São guerreiros. Defendem as matas, junto a Ogum Rompe-Mato. Onde os
guaranis estão, impõe a paz, daí serem chamados de “Falange da Paz”. Nunca
recebem mel em suas oferendas.
5. Falange dos Caboclos Tamoios
Humildes e pacientes, são eles os conhecidos “domadores de feiticeiros” ou
“bumba na calunga”, vencendo a feitiçaria.
Trazem as almas ao bem, daí serem os “caçadores de almas”, na atribuição
legítima das falanges de Oxóssi. A ela pertencem Muiraquitã e Grajaúna.
Apreciam folhas de arruda em suas oferendas, guiné, rosas de qualquer cor e
muito mel.
6. Falange dos Caboclos Tupis
São os conhecidos Tatauys, conhecidos por serem muito ágeis, bons
caçadores, muito brincalhões. Apreciam sucos de frutas, mel e rosas de qualquer
cor.
7. Falange do Caboclo Urubatã
São os mais velhos, sábios e conhecedores da mata. Há poucos médiuns que
os incorporam. Trabalham nas colinas floridas, pois se ligam à vibração de
Oxalá. Nas suas oferendas vão muito mel e flores brancas. Sua vela inclui a cor
branca, sendo a única falange que recebe outra cor, além do verde.
4ª LINHA: IEMANJÁ
Nessa falange, na Umbanda, trabalham todas as Iabás (Senhoras dos Rios),
agrupadas com os nomes de janaínas, caboclas ou sereias. Sua missão é trabalhar
diretamente com a força emotiva por meio dos sentimentos de maternidade,
misericórdia e amor.
1. Falange da Sereia do Mar
Entidades que assumem formas encantadas, residindo em todo o elemento
água. Possuem total domínio sobre as energias desse meio. Aceitam as
tradicionais oferendas a Iemanjá, entregues para serem levadas ao fundo dos mares,
lagos ou rios.
2. Falange da Cabocla Iara
Dominam a força nascida do encontro das águas doces e salgadas, muito
ligadas ao Orixá Ogum. É também o nome das entidades chefes da falange
conhecidas como Caboclas do Rio. São alegres e juvenis. Sua vela será azul
clara e uma verde, vermelha e branca, para Ogum.
3. Falange da Cabocla Nana
A Cabocla Nana Burucum é chefe da falange das Ondinas. Suas entidades
trabalham na beira das fontes e trazem uma vibração capaz de proporcionar paz e
compreensão nos lares.
Protegem as actividades ligadas ao ensino, como o magistério. Sua vela
será clara e lilás, ao Orixá Nana.
4. Falange da Cabocla Iansã
A Cabocla Iansã representa o Orixá com o mesmo nome, junto à Iemanjá.
Trabalha sob os fortes temporais e chuvas, forças essas capazes de proporcionar
grande resistência nas dificuldades da vida. Aceitam velas azuis-claras e
vermelha e branca ao Orixá Iansã. Podendo ser entregues junto às oferendas de
Xangô nos bambuzais ou na beira de cachoeiras, longe da queda d’água.
5. Falange da Cabocla Oxum
As energias do amor puro e da luz que irradia sobre as cachoeiras são a
matéria-prima para suas atividades, ligadas à Iemanjá. Através de sua falange,
os fluidos benfeitores são trazidos através das “águas espirituais”, ou seja, o
prana ou fluido cósmico universal. Sua vela será azul-clara e amarela, dedicada
ao Orixá Oxum.
6. Falange da Cabocla Indaiá
Sua falange é das Caboclas do Mar, ligadas a Yori, ou seja, a Falange de
Cosme e Damião. Absorvem energias de vários elementos e transmutam na energia
alegre e vibrante das crianças. Suas velas serão azuis-claras e rosas.
7. Falange da Cabocla ou Sereia Janaína
Estão sob sua guarda a força do amor conjugal e da procriação.
Ligam-se muito ao Orixá Oxalá. Suas velas serão azuis claras e brancas.
Oferendas: basicamente, todas as falanges de Iemanjá aceitam sobre pano
branco e azul-claro, fitas azuis, espelhos, pentes, perfumes de seiva de
alfazema ou seiva de rosas, flores brancas ou azuis, rosas, lírios, mel,
guaranás ou bebidas doces e delicadas. A Falange da Cabocla Iansã recebe
cerveja preta como bebida. Observa-se que as cores das velas e algumas observações
variam da bibliografia, com fins de uniformizar com as cores utilizadas na
Umbanda, e não no Candomblé.
Ervas: lágrimas-de-nossa-senhora, camomila, espada-de-iansã, folhas de
bambu e qualquer planta aquática.
5ª. LINHA: YORI
Yori quer dizer “Vitalidade saindo da luz”. É formada pelas entidades que,
por opção, quiseram manter a forma infantil, algumas já em preparo para uma
reencarnação próxima. Onde for necessária uma vibração dirigida à alegria, à
fraternidade e à comunhão, lá estará a Linha de Yori que, por essa bela
qualidade, domina as energias mais sublimes do plano espiritual.
Uma criança brincando, em um trabalho, não é uma atividade infrutífera,
como pensam alguns. É uma entidade que sabe perfeitamente o que está fazendo,
com o objetivo de descarrego de tudo o que está em volta.
1. Falange de Tupanzinho (Idolu ou Idossu)
São entidades que vibram na Linha de Oxóssi, protegendo os lenhadores e
animais. Gostam, nas oferendas, de apetrechos indígenas bem enfeitados, fitas
verdes e vela rosa.
2. Falange de Doum
São entidades que nasceram no período do cativeiro como Doum, eram filhos
de mãe indígena e pai africano. Auxiliam os tratamentos médicos, protegendo os
profissionais da saúde e os enfermos, proporcionando mais integração entre
ambos. Cruzam-se com a Linha de Yorimá (dos Pretos-Velhos) e aceitam suas
oferendas em jardins e praças.
3. Falange de Alabá
Cruzam-se com Ogum, Oxumarê e Iemanjá. Da vibração dos três Orixás,
recebem condição de trabalhar com os militares, dando coragem e piedade aos que
usam farda. Suas oferendas são
próximas a cachoeiras, pois as cores do arco-íris atraem muito essa
falange.
4. Falange de Dansu
Espalham-se nos dias de tormenta, com fins de proteger adultos e crianças
nesses dias, trabalhando também para Xangô. Gostam de fitas marrons e até
seixos rolados em suas bandejas, entregues nas pedras de cachoeiras.
5. Falange de Sansu
Legião de entidades que se apresentam como meninas, distribuidoras de
ternura, vinda de Deus. Trabalham cruzadas com Iemanjá. Devem ser entregues a
elas: conchinhas e estrelas-do-mar, na beira da praia, junto com os outros
itens da oferenda.
6. Falange de Damião
Cruzam-se com Cosme e Doum, cuidando das crianças do espaço, ou seja, das
entidades recém-desencarnadas ainda crianças, de grande poder de cura. Vibram,
de preferência, nas praias e jardins, seu lugar para a entrega de oferendas.
7. Falange de Cosme
São eles que detêm a responsabilidade da guarda das crianças
recém-desencarnadas na Linha de Oxalá. Com o qual cruzam.
Alimentam-nas com fluidos delicados, chamados de “mel”, ou, talvez, os
fluidos extraídos desse alimento.
Oferendas: Apesar de diferentes, as falanges de Yori incluem, em suas
oferendas, muito mel, doces em geral, balas, pirulitos, brinquedos, fitas na
cor rosa e nas cores com os quais cada falange se cruza, velas na cor rosa,
guaranás, flores brancas e gostam muito de bicos (chupetas) azuis ou rosas, de
acordo com a falange ou entidade reverenciada (se meninas ou meninas, ou
ambos).
Ervas: folhas de manjericão, amoreira, alfazema, alecrim, trevo.
6ª. LINHA: YORIMÁ
Seu nome significa a lei na aplicação da vitalidade saindo da luz. É a
linha do aprendizado a duros custos, da compreensão das aflições, valorizando
as lições da vida. É a prática da caridade teórica, da humildade adquirida sob
as mais cruéis provações. São aqueles que ensinam que, mesmo mergulhados no
erro, ainda há esperanças. São os Pretos-Velhos.
1. Falange do Povo da Costa (Rei Cambinda)
Cruzam-se com Iemanjá e ensinam que, através da resignação das provas,
haverá o resgate das dívidas do passado. Consolam e auxiliam os sofredores, com
muito amor. Suas oferendas são entregues nas praias.
2. Falange do Povo de Congo (Rei Congo)
Com Yori conseguem a energia pura e infantil dessa falange que,
transformada, vence a dor e traz a alegria. Junto a sua oferenda vai uma vela
rosa oferecida às crianças.
3. Falange do Povo de Angola (Pai Joaquim)
Libertam os escravos de hoje, presos aos vícios, maldades e erros,
despertando-os para a vida, por meio de esclarecimentos ou ritos. Vibram nas
matas e sua vela será roxa, a cor mística por excelência.
4. Falange do Povo da Guiné (Pai Guiné)
Possuem o conhecimento das calungas (grande, o mar; pequena, o cemitério),
profundos conhecedores da magia e da sabedoria para a cura de todos os males.
Recebem suas oferendas no cruzeiro do cemitério ou na beira do mar.
5. Falange do Povo de Moçambique (Pai Jerônimo)
Trabalham na lei do livre-arbítrio (ou da livre escolha), com fins de
inspirar a libertação do indivíduo durante sua vida terrena. Vibram na mata,
sobre pedras em especial, ou nos lugares abertos nesse local, próprios ao
repouso e à oração.
6. Falange do Povo de Luanda (Pai José)
Combatem demandas, fazem cumprir rigorosamente os rituais e trabalham
muito na caridade, sendo exigentes, mas muito bondosos. Recebem suas oferendas
no cruzeiro de cemitério.
7. Falange de Bengala (Pai Tomé)
Por terem sofrido muito na Terra, compreendem as misérias humanas,
trabalham na busca da paz, da fraternidade e estimulam a caridade. Vibram nas
colinas abertas e floridas.
Oferendas: cada Preto-Velho tem sua oferenda e gostos. Mas todos recebem
cigarros de palha, café, velas brancas e pretas (alguns, roxas), doces
tradicionais tipo pés-de-moleque, rapaduras, sagu, farofa com lingüiça picada e
comidas típicas do interior e da época em que viveram.
Ervas: arruda, guiné, benjoim, cipreste, folhas de café, alfavaca e
vassourinha branca.
7ª. LINHA: OXALÁ
É a fusão de todas as outras. As legiões de Oxalá são a sétima e última
falange de todas as Linhas já vistas anteriormente. É responsável pela
integração das demais. Coordenadora, sendo a manifestação cósmica do céu, da
terra, da luz e da energia, da paz e do amor. Suas falanges são:
1. Falange de Ogum Delê (Ogum)
2. Falange de Xangô Djacutá (Xangô)
3. Falange do Caboclo Urubatã (Oxóssi)
4. Falange da Cabocla Janaína (Iemanjá)
5. Falange de Cosme (Yori)
6. Falange do Povo de Bengala (Yorimá)
7. Falange dos Caboclos de Oxalá
Lembramos que os Caboclos de Oxalá dificilmente incorporam, sendo os
responsáveis pela coordenação das demais falanges e da missão que cada
guia-chefe assume perante a Umbanda.
Ervas: são o tapete-de-oxalá (boldo), mariô, folhas de limoeiro,
manjericão, erva-cidreira, trevo e café.
(fonte:”Desvendando a Umbanda”, de Miriam de Oxalá)
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