As
origens dos incensos
A origem do incenso é tão antiga quanto a história da
humanidade. Os antigos, ao fazerem as suas fogueiras perceberam que a fumaça
subia ao céu e como acreditavam que os deuses também moravam no céu, pensaram
que seria um bom modo de agradar os deuses.
E com a intenção de agradar a esses deuses, começaram a queimar
em suas cerimônias, ervas aromáticas, madeiras, o que tivese um odor agradável,
e dessa forma provavelmente foi feito o primeiro incenso.
A origem da palavra "perfume" deriva do latim
"Per" (através) e "fumus" (fumo) - indicando claramente que
foi, a princípio, exalado por resinas queimadas no incenso.
Foi utilizado por todas as culturas conhecidas. Além de deixar o
ambiente com um aroma agradável, o que propícia uma disposição mais harmônica e
alegre nas pessoas, o perfume também possui qualidades anti-sépticas e
bactericidas.
Acender um incenso é um convite ao relaxamento, uma pausa
bem-vinda à agitação da vida. Além de perfumar, ajudam a purificar e harmonizar
os ambientes.
Era uso antigo espalhar resina e ervas aromáticas sobre carvões
acesos para purificar o ar e afastar o perigo de infecções. Num primeiro
momento, a fumaça tinha um valor catártico (de purificação, de relaxamento) e
também apotropaico (o de afastar ou destruir as influências maléficas
provenientes de pessoas, coisas, animais, acontecimentos).
O uso desta resina perfumada não era exclusivo do culto
religioso.
O incenso não era queimado somente nos templos, mas também nas
casas; as incensações exalavam perfume e, ao mesmo tempo, tinham um fim
higiênico.
O incenso foi sempre considerado como algo muito precioso. Era
utilizado em todas as cerimônias e funções propiciatórias, sobretudo queimado
diante de imagens divinas nos ritos religiosos de muitos povos e, ao se
sublimarem as concepções religiosas, as espirais de incenso, em quase todos os
cultos, converteram-se em símbolo da oração do homem que sobe até Deus.
Desde tempos imemoriais, perfumes e o incenso têm sido usados em
festas religiosas de coroação de druidesas com verbena e outras ervas sagradas,
ungindo os sacerdotes com óleo sagrado perfumado e estimulando a criação de uma
atmosfera devocional nos santuários.
Sabia-se que os óleos usados nas pessoas ajudavam ao indivíduo,
e que o incenso quando queimado tinha o poder de atrair anjos ou reservas
beneficentes da natureza.
Além disso, possuía o poder de repelir espíritos malignos.
Conseqüentemente, os antigos, em sua sabedoria, fizeram dele uso abundante nos
seus rituais - tanto para atrair boas influências, quanto para exorcizar as
más.
A história revela uma relação perpétua entre o incenso e as
observâncias religiosas de todas as épocas
Felizmente, alguns dos papiros de uma das mais antigas
civilizações - o Egito - sobreviveram aos séculos e elucidaram muitas das
práticas espirituais e rituais religiosos daqueles tempos.
O incenso era aparentemente uma parte vital dos seus rituais e
era preparado com o máximo cuidado e precisão e foi do Egito que, pela primeira
vez, nos chegou a ciência do incensamento.
O incenso sacro egípcio, chamado "khyphi", era feito
de uma fórmula especial. Preces e encantamentos eram utilizados durante a
mistura dos ingredientes para impregnar o material com os poderosos pensamentos
dos sacerdotes, sendo uma tarefa de particular importância - os sacerdotes
escolhidos para cultivar as árvores e plantas sagradas (das quais se fazia o
incenso) viviam uma vida de pureza e austeridade para cumprir sua, tarefa
espiritual com perfeição.
Seu cuidado, carinho e reverência eram imensos, pois acreditavam
que as plantas vivas se beneficiavam das atenções e radiações dos seres humanos
- um fato que hoje está sendo provado por cientistas e botânicos modernos (vide
Máquina de Kirlian).
Os árabes por sua vez, extraíram seus conhecimentos sobre os
efeitos do incenso, do Antigo Egito e rapidamente desenvolveram o uso de
perfumes e óleos em uma arte altamente evoluída até hoje conhecida e cultuada.
O uso abundante do incenso na Corte e na Igreja tornou-se um
símbolo de poder e riqueza e gradativamente os perfumes tornaram-se conhecidos
e utilizados por todas as culturas clássicas da Europa.
Hipócrates, Críton e outros médicos-filósofos consideraram os
perfumes como uma ajuda vital nas terapias de cura e classificaram-nos como
medicamentos, receitando-os para tratamento, especificamente nos casos de
problemas nervosos de vários tipos.
A "História Natural" de Plínio cita numerosos perfumes
florais para serem usados como remédios naturais. O filósofo grego Theofrasto
acreditava que algumas doenças tornavam-se mais agudas pelo uso da inalação de
perfumes estranhos à natureza da pessoa, sendo então necessário um perfume
equilibrante para a cura.
Diz ele que naquela época 200 A.C. - o perfume da rosa foi
elaborado mergulhando-se as flores em vinho doce, indicando que havia uma
experimentação na arte da destilação e um interesse vital em óleos essenciais.
Os hebreus eram familiarizados com o uso do incenso e óleo de
ungimento sacro, que se dizia serem compostos de mirra, canela doce, cálamo,
cássia e óleo de oliva.
Seu incenso foi introduzido por Ordem Divina "Deveis
construir um altar para queimar incenso sobre ele... e Aarão deverá queimar ali
incenso todas as manhãs".
Queimar incenso nas rezas permaneceu um costume através dos
séculos. Velas perfumadas foram usadas na época de Constantino e sem dúvida, o
incenso também, mas não, de modo algum, na Igreja Cristã antes do século IV.
Daí então, sua popularidade no ritual da igreja cresceu
regularmente até que - aproximadamente no século XVI - óleos aromáticos e
resinas foram aceitos como necessários para o uso no incenso, nas igrejas e nas
capelas privativas dos soberanos.
O incenso era conhecido e empregado pelo povo das antigas
dinastias chinesas para exorcizar maus espíritos de pessoas possuídas por
entidades demoníacas - pessoas em dificuldades mentais similares àquelas muitas
que se encontram hoje em casas de saúde, clínicas psicoterapêuticas e
hospitais.
O incenso era queimado para purificar a atmosfera e livrar o
ambiente de qualquer espírito que estivesse assombrando ou perturbando uma casa
particular.
Além desses propósitos, os chineses eram tão conhecedores quanto
os egípcios no seu uso do incenso nas cerimônias religiosas e deliciavam-se com
o uso de outras fragrâncias exóticas existentes no Oriente.
Parecem ter utilizado como ingredientes de seu incenso, o
sândalo, o almíscar (musk) e flores como o jasmim. Sabe-se que Confúcio teria
elogiado o incenso e recomendado o seu uso.
O uso do incenso na Índia é encontrado em todos os antigos
registros daquele país, e a origem e os propósitos do incensamento foram
transmitidos desde os mais remotos tempos do começo da cultura indiana até os
nossos dias - ainda hoje é o primeiro pais do mundo na sua produção.
São muito utilizados os incensos feitos com óleos de rosa,
jasmim, pandang, champac, patchouli, sândalo, cipreste e outros, cada um
criando um efeito distinto para o ritual religioso e para o uso pessoal
caseiro.
Os astecas usavam incenso nos ritos processionais e em
sacrifícios, festivais e festas. Seu deus Quetzalcoatl teria se deliciado com
os perfumes aromáticos e incensos onde eles usavam a resina copal, juntamente
com uma planta rara, que se supõe induzia nos devotos estados de consciência
semelhantes a um transe.
O incenso foi gradualmente incorporado no ritual eclesiástico em
todos os lugares, tendo permanecido até os dias de hoje na maioria das igrejas
onde antigas cerimônias são ainda celebradas.
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