Magia - Espiritismo - Macumba
"Não
se ache entre vós ...
quem
seja encantador. nem
quem
consulte os pitões ou advinhos,
ou
indague dos mortos a verdade.
Porque
o Senhor abomina
todas
estas coisas, e, por tais maldades
exterminará
estes povos".
(Deu
9,10-12)
Magia
A Magia geralmente é definida como a arte de operar
prodígios por meios ocultos. Aqui não nos referimos às artes dos
prestigiadores, impropriamente chamada de magia, nem a outros tipos de magia
natural, que não são outra coisa que a arte de operar prodígios e coisas
insólitas por meios naturais; ocupamo-nos só da magia propriamente dita, magia
supersticiosa, ou simplesmente feitiçaria que se define como a arte de operar
prodígios por obra do demônio. Desde que se trate de magia propriamente dita,
isto é, de prodígios alcançados com o auxílio do demônio, não vem muito ao caso
que se trate da chamada magia branca (que obteria vantagens, sem prejudicar
terceiros), ou a chamada magia negra, que operaria o mal contra terceiros.
Pois, todo o recurso ao Maligno é condenável em si mesmo, não importando os
efeitos que se quer alcançar.
Como nas outras formas de superstição, também a
magia pode dar-se por invocação explícita ou implícita do demônio.
A magia à qual se recorre para prejudicar outros
chama-se malefício (encantamento, feitiço), que podemos definir como a arte de
prejudicar outros por obra do demônio. Os autores costumam distinguir dois
tipos de malefícios: amatório (filtros de amor) - se a ação do demônio excita
em alguém veementíssimo sentimento de amor ou de ódio em relação a
determinada pessoa; e venéfico (envenamento) — se provocar dano em pessoas ou
em seus bens.
Não se pode negar que o demônio, seja por si mesmo,
seja por meio dos homens maus — desde que Deus assim o permita — pode
prejudicar, por vários modos, o corpo ou os bens de certas pessoas visadas.
Deus, em seus insondáveis desígnios, é certo que assim algumas vezes o permite,
como testemunha o exemplo de Jó (cf. Jó 1, 12, Ex 22, 18). Embora não se deva
crer facilmente na existência de maleficio, seria entretanto imprudente negá-lo
sempre. Convém ressaltar, entretanto, que o malefício amatório não
elimina a liberdade, e a ação demoníaca pode ser resistida com a ajuda da graça
divina; mas quando se cede a ele, o pecado cometido será mais grave ou menos em
razão da deliberação e do grau de liberdade.
O malefício contém dupla malícia, uma contra a
religião, outra contra a caridade e a justiça, uma vez que prejudica o próximo.
Constitui um pecado gravíssimo, contra a virtude da
religião, que nos prescreve prestar culto somente a Deus, e só a Ele recorrer e
nunca ao poder das trevas — ‘Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a êle servirás‘
(Lc 4, 8).
O malefício (também conhecido em nosso país por
despacho, trabalho, feitiço, etc.) é uma das causas muito comuns da ação
extraordinária do demônio sobre pessoas (infestação e possessão).
Espiritismo
Uma das formas de superstição mais difundida em
nossos dias, e que coloca as pessoas em risco de se pôr em contacto com o
demônio são as práticas espíritas.
Superstição
herética, contrária à fé
Trata-se de superstição, porque as almas dos que
morreram estão sob a especial tutela de Deus, não podendo entrar em comunicação
com os vivos a não ser por uma permissão especial concedida por Ele.*
*Os teólogos discutem se Deus permite que a alma de
um defunto entre em contato direto com um vivo, ou se, nos casos de aparições,
se trata de um anjo (ou, conforme o caso, um demônio) que representa aquela
alma.
Ora, os espíritas querem utilizar meios puramente
naturais - como a ação de outros homens, os médiuns - para obter que essas
almas apareçam ou se manifestem. Há então aqui uma desproporção entre os meios
empregados, meios naturais, e uma ação sobrenatural, como é a aparição ou
manifestação das almas dos defuntos.(Esse efeito é sobrenatural porque está
acima da natureza humana fazer com que as almas dos defuntos se manifestem ou
não aos vivos, o que depende exclusivamente de Deus.)
Ensinam os moralistas que a única relação que deve
haver entre as almas dos defuntos e nós é uma relação espiritual, baseada na
recordação e na oração. (Cf. Mons. Antonio LANZA - Mons. Pietro PALAZZINI,
Princípios de Teologia Moral, p. 129.) Deus não pode consentir em nossos
caprichos, curiosidades mórbidas e fantasias; não pode, portanto, permitir que
as almas, que só a Ele estão submetidas, se manifestarem quando evocadas para
satisfazer a nossos desejos de temerária presunção de penetrar nos mistérios do
Além. Por isso, dizem os mesmos moralistas, se é verdade que às vezes essas
evocações às almas do outro mundo recebe resposta, tais respostas não podem
senão do Maligno. O Cardeal Lepicier explica como o demônio pode formar um
boneco, com elementos da natureza ou mesmo de outros homens, e fazê-los
aparecer sob a figura da pessoa falecida, cujo espírito é evocado para que se
manifeste na sessão espírita. “Assim escreve ele , considerando que um anjo tem
inteiro conhecimento das feições e de outras qualidades de cada individuo, vivo
ou morto, facilmente se pode conceber que ele seja capaz, pelo seu próprio
poder, de reproduzir a forma, feições, altura, cor e vestuário de certo
individuo que nós possamos conhecer, a ponto de que aqueles que mais intimo
trato tiveram com esse indivíduo sejam iludidos, julgando tratar-se da própria
pessoa” (Cardeal A. LEPICIER, O Mundo Invisível, pp. 76-77).)
A Igreja repetiu com insistência ser pecado de
heresia o querer aplicar meios puramente naturais com o fim de obter efeitos
não-naturais, preternaturais. Portanto, o Espiritismo, em sua pretensão de
querer chamar ou evocar espíritos do Além, é herético além de impossível. Essa
superstição é condenada não apenas como ilícita ou contrária à moral cristã,
mas também como herética e contrária à fé.
Atuação do
demônio no Espiritismo
"Os vivos, do lado de cá”, comenta Dom
Boaventura Klopenburg "não dispõem de meios eficientes que possam causar a
manifestação de espíritos do lado de lá, isto é, do mundo para além da natureza
humana ou para além da morte. Do lado de lá, porém, existem espíritos malignos
que teriam muito interesse em perturbar, transtornar e perverter os do lado de
cá. Não o podem fazer à vontade, porque sua liberdade é limitada pela permissão
divina, e Deus não o permite facilmente”.
Espiritismo faculta ao demônio o ambiente mais
propício para que o espírito satânico possa se manifestar: “Todas as
disposições objetivas e subjetivas aí estão. Nada, absolutamente nada falta
para que o demônio se sinta á vontade e em casa própria. Dir-se-ia que o centro
espírita e principalmente o terreiro de Umbanda é o domicílio de Satanás, como
o templo cristão é a casa do Senhor”, conclui o mesmo prelado. (Frei Boaventura
KLOPPENBUJRG O.F.M., Atuação do Demônio no Espiritismo, pp. 113-122.)
Não há, pois, dúvida de que as práticas
supersticiosas espíritas colocam o homem sob a influência de Satanás e podem
conduzir até possessão. "O demônio, quando um homem colabora com ele em
práticas supersticiosas, facilmente exerce sobre esse indivíduo a mais cruel e
implacável tirania” — observa o Cardeal Lepicier. Ele chama a atenção para as
práticas espíritas: “Não pode haver dúvida de que atuar como médium é o mesmo
que expor-se aos perigos da obsessão diabólica ... Recorrer a um médium é,
pois, equivalente a cooperar na obsessão de uma pessoa”. (Card. A. LEPICIER, O
Mundo Invisível, pp. 222-223.)
Por isso o próprio Deus, no Antigo Testamento,
condenou a indos mortos: “Não se ache entre vós ... quem consulte pitonisas
adivinhos, ou indague dos mortos a verdade. Porque o Senhor abomina todas estas
coisas e por tais maldades exterminará estes povos à tua entrada” (Deut 18 ,
10-12).
Tudo isto mostra o perigo extremo em que se colocam
aqueles que recorrem a práticas espíritas.
Macumba,
Candomblé, Umbanda...
Juntamente com o espiritismo, a macumba, o
candomblé, a umbanda, estão amplamente difundidas no Brasil; nelas é freqüente
o recurso ao demônio, sob nomes africanos de supostas entidades espirituais. A
macumba, o candomblé e a umbanda são diferentes formas de sincretismo de ritos
e crenças pagãs africanas com elementos externos do Cristianismo (imagens,
invocações), do espiritismo reencarnacionista e de cultos indígenas
brasileiros. Essas formas superticiosas de religião baseiam-se em princípios
dualistas: elas admitem a existência de entidades boas e entidades más
igualmente poderosas; acreditam que estas últimas, embora inimigas do homem,
devem, entretanto, ser cultuadas, para evitar que se vinguem, fazendo o mal.
Daí deriva o mais completo amoralismo, pela negação da distinção entre o bem e
o mal, fundamento de toda a moralidade.*
*A antropólogo Vagner Gonçalves da Silva, que
apresentou uma tese na Universidade de São Paulo sobre o Candomblé discorrendo
sobre as religiões afro-brasileiras, afirma: “Nessas religiões não existe o
conceito de bem e de mal e por isso são mal-compreendidas” (“Folha de S.
Paulo”, 29-7-92).
Infelizmente, o número de pessoas — mesmo católicas
— que recorrem a trabalhos, despachos (ou seja sacrifícios oferecidos ao
demônio sob a invocação de divindades pagãs) para solucionar seus problemas,
satisfazer suas paixões ou ambições, e mesmo prejudicar outros, é cada vez
maior. E isso em todas as classes sociais; por exemplo, nos últimos anos, por
ocasião das eleições para preenchimento de cargos políticos em todos os níveis,
grande número de candidatos recorreu publicamente a pais-de-santo, médiuns
videntes, etc., conforme noticiou a imprensa.
Exú, entidade à qual se oferecem os sacrifícios
nesses cultos, não é outro senão o próprio demônio conforme demonstra Dom
Boaventura Kloppenburg, citando livros umbandistas: “Toda e qualquer reunião de
Umbanda inicia com um presente oferecido ao Exu ‘agente mágico universal, por
cujo intermédio o mundo dos vivos se comunica com o mundo espiritual, em seus
diversos planos’ (Doutrina e Ritual de Umbanda, Rio, 1951, p. 117).... E
não se diga que o culto de Exu é exclusivo da Quimbanda, da Macumba, do
Candomblé ou do Batuque.” E faz descrição do livro O Espiritismo e a Lei de
Umbanda, de A. Fontenelle, sacerdote de umbanda, o qual afirma: “Na Umbanda os
Exus são constantemente invocados e trabalho algum é começado sem que sejam
salvadas (isto é reverencidas) essa entidades” (p. 12).
Prossegue o bispo de Nova Hamburgo: “O Sr. Aluísio
Fontenelle ... e outros doutrinadores de Umbanda, identifica sem mais os exus
com o que nós católicos denominamos demônios (p. 93, 103-116) onde descreve a
história da revolta dos anjos, chefiadas por Lúcifer: estes anjos revoltados
são os exus”).*
*Frei Boaventura KLOPPENBURG, A Demonolatria nos
Terreiros de Umbanda, pp. 139-I40.
Até mesmo um dicionário corrente da língua
portuguesa, o chamado Dicionário Aurélio, assim define: “Exú (Do ioruba) S.m.
1. Bras. Orixá que representa as potências contrárias ao homem, e assimilado
pelos afro-baianos ao Demônio dos católicos, porém cultuados por eles, porque o
temem; 2. Bras. NE. v. Diabo.”
As pessoas que se envolvem com as práticas de
macumba, candomblé e umbanda podem estar certas de que é ao próprio demônio a
quem estão recorrendo, sob nomes exóticos. E não poderia ser de outro modo,
visto que os únicos seres inteligentes que existem no Universo são — além do
próprio Deus, obviamente — os anjos, os demônios (que são anjos decaídos) e o
homem. Se o homem recorre a outros seres inteligentes superiores a ele e que
não são nem Deus nem os anjos, só pode estar recorrendo aos demônios.
Outras práticas
supersticiosas
Outras práticas supersticiosas também muito
correntes em nossa pátria são: a adivinhação, a astrologia, a quiromancia, o
uso de amuletos e as simpatias.
Adivinhação,
Astrologia, Quiromancia
Pela adivinhação procuram-se conhecer as coisas
ocultas, que por meios naturais não se poderiam saber, tanto atuais quanto
passadas ou futuras. O característico da adivinhação é o querer chegar ao
conhecimento de algo, não por um esforço racional, mas pelo emprego de um
artifício, de um meio extraordinário não bem explicado. Em última análise, pela
ajuda de forças extrínsecas e superiores ao homem. Essas forças, como é lógico,
só poderiam provir de Deus e dos anjos; ou, por permissão divina, dos demônios.
Como isto equivale a querer obrigar a Deus a satisfazer a curiosidade ou o
capricho do homem, é certo que Ele não atende a tais pedidos, nem diretamente,
nem por meio dos anjos. Logo, essas forças sobre-humanas só podem provir do
demônio.: “A essência da adivinhação consiste no comércio com os demônios” —
ensinam os teólogos jesuítas Noldin e Schmitt. (H. NOLDIN S.J. - A. SCHMITT
S.J. - G. HEINZEL S.J., Summa Theologiae Moralis, II, pp. 138-155 - Quest.
terceira: Pecados contra a religião). Neste capitulo seguimos de perto estes
respeitados teólogos-moralistas cuja obra goza de merecido prestigio entre os
especialistas.
A adivinhação pode ser realizada com a invocação
expressa dos demônios (pacto explícito) ou pela invocação implícita ou tática
(pacto implícito).
A expressa invocação ocorre quando se invoca
diretamente o demônio ou se faz com ele um pacto formal mediante o qual, postos
certos sinais, se produzirão certos efeitos; para que se estabeleça este pacto
divinatório, não é necessário que o demônio de fato responda, mas basta que seus
efeitos se sigam. Ou seja, que se chegue ao conhecimento daquilo que se
pretende adivinhar. Entende-se que ocorreu invocação implícita ao demônio
quando alguém, para conhecer algo, usa de meios ineptos para essa finalidade,
os quais — como ficou acima explicado — nem pela natureza, nem por instituição
divina ou eclesiástica têm a força d produzir os efeitos desejados. (‘As Gnoses
modernas que seguem teósofos e antropósofos e as técnicas de meditação e
concentração induístas (Ioga, budismo) que buscam conhecer coisas superiores à
natureza humana não estão isentas de influxo demoníaco, especialmente quando
diretamente buscadas" (NOLDIN-SCHMITT-HEINZEL, loc,. cit.)
Bem entendido, os demônios não têm poder de conhecer
o futuro propriamente dito — o chamado futuro contingente ou futuro livre, isto
é, os fatos cuja ocorrência depende da vontade de Deus e do livre arbítrio dos
homens. Estes, nem os anjos do céu o conhecem (cf. Mc 13, 32). Mas, sendo seres
superiormente inteligentes podem deduzir qual será o desfecho de
acontecimentos causas, uma vez postas, chegarão a seu termo de determinado
modo: é o chamado futuro necessário. Ele prevê este futuro do modo que um
cientista que conhece as leis da sua ciência - as quais são como que mistérios
para o comum dos homens, e mesmo para homens instruídos, porém não
especialistas naquelas matérias — e sabe o que ocorrerá de acordo com essas
leis. Assim, lançada urna semente à terra, ela cumprirá seu ciclo germinativo
em determinadas condições e, se não houver fatores adversos, produzirá
necessariamente a planta correspondente, no tempo certo; o mesmo quanto ao
desenvolvimento de certas doenças, etc. Sempre, naturalmente, Deus pode
intervir para frustrar os cálculos do demônio, mas normalmente Ele permite que
as causas naturais produzam seus resultados. Daí o acerto das previsões do
demônio. Sem falar que o Pai da mentira pode anunciar um fato extraordinário
que ele mesmo vai produzir e que por isso prevê com tanta segurança...
Porém, aquilo que depende da vontade de Deus ou da
liberdade dos homens escapa inteiramente de suas capacidades de previsão. Toda
forma de adivinhação constitui uma superstição e uma invocação ao menos
implícita ao demônio; por isso sua utilização é mesma ilícita; em outro termos,
constitui — segundo a Moral católica — um pecado, de si grave.”*
*"Aqueles que consultam adivinhos ou ciganos,
pecam gravemente se o fazem com firme fé ou com escândalo de outros,
venialmente se apenas por curiosidade.” (NOLDIN-SCHMITTl-HEINZEL, loc. cit.).
A astrologia, através do horóscopo, pretende deduzir
da conjunção dos astros, no momento do nascimento de determinada pessoa, seu
destino e seu comportamento. Não há proporção entre as causas invocadas (a
conjunção dos astros), e os efeitos que se quer obter, ou seja a predição de
fatos relativos a uma pessoa que dependem da vontade livre e da providência
divina.
O mesmo deve-se pensar da quiromancia — adivinhação
pelo exame das linhas da palma das mãos — como de qualquer outro tipo de
práticas divinatórias: cartomancia, tarô, búzios, etc.
Amuletos,
mascotes, simpatias
Amuletos são pequenos objetos que alguém traz
consigo ou guarda, por acreditar em seu poder mágico de dar sorte ou proteger
contra perigos: figas, trevos, pés de coelho, ferraduras, etc.; mascotes são
animais aos quais se atribui o mesmo poder: cachorrinhos, gatinhos, etc.;
simpatias são certas práticas supersticiosas,* ou objetos usados
supersticiosamente, para proteger o homem de doenças ou para curá-las.
*São Francisco de Sales, bispo de Genebra, diz em
suas Constituições e Instruções sinodais, que “há superstição todas as
vezes que se põe toda a eficácia nas palavras, por santas que sejam, ou em
qualquer circunstância vã e inútil, como crer que, para curar um doente, seja
preciso dizer três Padre Nossos antes de o sol se levantar (cf. L. ROU RE, Superstition,
cols. 1563-1569).
Como nos casos anteriores, não se pode esperar séria
e racionalmente que esses objetos, esses animais ou essas práticas possam
impedir males, curar doenças ou dar sorte na vida. Se se der um crédito real a
essa pretensa ação protetora dos amuletos e mascotes e à eficácia das simpatias
(não por mera brincadeira, por sinal perigosa, pois o demônio pode infiltrar-se
nela) teremos mais um caso de invocação implícita ao demônio.
“Corpo
fechado”
Outra prática supersticiosa consiste no recurso a
feiticeiros (ou pais-de-santo) para obter aquilo que se chama corpo fechado,
isto é, a invulnerabilidade a agressões com armas brancas ou armas de fogo.
Essas pessoas, mesmo que não tenham inteira consciência disso, estão recorrendo
ao demônio, de forma pelo menos implícita, conforme já ficou explicado. E o
demônio pode atendê-las (se Deus o permitir para castigo dessas mesmas
pessoas), desviando os golpes e tiros ou impedindo seu efeito. À maneira de
ilustração, transcrevemos a consulta feita por um missionário francês no
Oriente, no começo deste século, a "L´- Ami du Clergé” — conceituada
revista eclesiástica — e a respectiva:
"O que os Srs. pensam do seguinte fato, do qual
fui testemunhar ocular?"
"Um pagão desferia golpes de sabre sobre um de
seus correligionários. O sangue deveria brotar em abundância; ora, o pagão
assim golpeado tinha apenas algumas manchas negras sobre o corpo, a lâmina do
sabre não conseguia penetrar na carne."
"Os pagãos presentes atribuíram isto aos
numerosos amuletos levados por aquele que recebeu os golpes."
"O demônio teria, em certos casos, recebido
permissão de proteger seus adeptos neste mundo, com a condição de torturá-los
no outro?"
A revista, depois de dizer que é difícil se
pronunciar sobre o caso concreto, assim à distância, dá entretanto a solução em
doutrina:
"O fato em questão, por mais extraordinário que
seja, não nos espanta, e nós seríamos levados a crer que ele vem do demônio,
porque não ultrapassa de modo algum seu poder. A História nos mostra que o
demônio conservou, sem dúvida com a permissão de Deus, nas nações ainda pagãs,
o poder que ele tinha outrora no mundo idólatra; em conseqüência, ele teria, em
certos casos, poder e permissão de proteger seus adeptos, que lhes são fiéis, e
também de punir aqueles que se deram a ele, quando eles desobedecem a seu
senhor. Como o homem é composto de um corpo e de uma alma, Deus se serve de
Sacramentos e de sinais exteriores para lhe dar sua graça e o proteger: do mesmo
modo o demônio, que por orgulho e por ódio e vingança quer imitar ou ao menos
macaquear os sinais exteriores, usa de amuletos, etc. para chegar aos seus
fins” . ( “L’Ami du Clergê”,n° 35 (1902), p. 763.)
O uso de
cruzes e medalhas
Caso muito diferente é o uso de cruzes, medalhas,
escapulários e outros objetos bentos, assim como a prática de exercícios
piedosos, como novenas, etc.
Aqui não se está atribuindo a esses objetos e
práticas uma eficácia que eles de si não têm, nem se pretende atrair o divino
por meio de procedimento meramente natural. Trata-se de confiança nas orações
da Igreja, que benzeu esses objetos e aprovou essas práticas, como também na
proteção de Nossa Senhora ou do Santo cuja medalha se usa e cuja novena se faz,
em sinal de devoção.
Não se atribui ao uso desses objetos nem a essas
práticas um valor infalível e imediato, mas apenas se deposita neles uma
confiança razoável, que a fé em Deus e na Igreja permite, relacionando tudo com
a salvação eterna, que é o que mais importa.
“Será que
o malefício pega?”
Os meios preventivos contra o malefício são os
mesmos antes indicados em relação à tentação, à infestação e à possessão: vida
sacramental, vida de piedade, uso de objetos bentos, etc.
Uma vez produzidos os efeitos do malefício, é
preciso aumentar as orações, sacrifícios e pode ser que seja necessário, em
certos casos, recorrer aos exorcismos.
Frei Severino Gisder O.F.M. indica o estado de
espírito que devemos ter diante das maldições e dos malefícios:
“Não se tenha medo da maldição injustificada ou
gratuita. Ela não atinge sua meta! Pelo contrário, não raras vezes
tal maldição recai sobre quem a proferiu. Leia o Salmo 9, 16: “Pereceram no
fosso que eles mesmos abriram, e na armadilha que armaram prenderam os próprios
pés. “ Ou veja o Salmo 7, 15-17: “Eis que o (ímpio) concebeu iniqüidade e está
cheio de malícia e dá a luz à fraude. Abriu e cavou urna cova, e caiu na
própria cova que fez. Sobre sua própria cabeça recairá a sua maldade, e sobre a
sua fronte voltará a sua violência.”
"Os assim chamados despachos da macumba
incluem, via de regra, uma maldição em termos de querer fazer mal a alguém.
Tais despachos ou feitiços de bruxaria, será que podem fazer mal ou prejudicar?
Deles vale o que dissemos da maldição gratuita: Procura viver na graça
santificante, isto é, na intimidade de Deus e nada sofrerás. Quem não deve, não
teme”. (Fr. S.GISDER O.F.M., Bênção e Maldição, pp. 10-11.)
Se a regra geral é esta apontada pelo piedoso
franciscano — que a maldição ou o malefício não atingem a pessoa em estado de
graça — no entanto, muitas vezes Deus permite que a pessoa virtuosa seja
atingida por tais práticas maléficas para sua provação. Aí é o caso de
recorrermos às bênçãos e aos exorcismos: “A maldição pode ser neutralizada ou
desfeita pela bênção!” — explica Frei Severino.
(Fonte:
internet. Autoria:“Anjos e Demônios - A Luta Contra o Poder das Trevas”,
Gustavo Antônio Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo)
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