Psicologia do demônio
"Ele
foi homicida desde o princípio e não permaneceu
na
verdade é mentiroso e pai da mentira".
(Jo
8,44)
Com base nas Sagradas Escrituras e em outras fontes,
poderíamos ressaltar alguns aspectos da psicologia de Satanás e seus anjos
malignos. Embora os demônios sejam diferentes entre si, assemelham-se em seu
desejo de fazer o mal e em sua natureza decaída; por isso o que é dito a
respeito de Satanás, seu chefe, pode-se dizer dos outros demônios.
Uma
vontade pervertida
Os demônios, puros espíritos, como anjos que são,
não têm as fraquezas e as debilidades dos homens; de onde, sua revolta contra
Deus ser permanente, imutável, eterna. Sua vontade, deixando de ter como objeto
o Sumo Bem, tornou-se uma vontade pervertida fixada no mal. Dessa forma, os
demônios não desejam senão o mal em todos os seus atos voluntários, e mesmo
quando fazem algum bem (como, por exemplo, restituir a saúde a alguém,
obter-lhe riquezas ou ensinar-lhe algo), fazem-no apenas para dai tirar o mal,
conduzir a pessoa à perdição eterna, que é a única coisa que almejam para os
homens. Tendo sido criados bons por Deus, sua natureza ainda continua boa em si
mesma; porém, eles se tornaram seres pervertidos em sua vontade, buscando não
mais seu fim último, que é o serviço e a glória de Deus, mas justamente o
contrário, isto é, tudo fazer para impedir que Deus seja glorificado. Não
podendo atingi-Lo diretamente, eles procuram agir sobre as criaturas de Deus,
na medida em que Ele o permite.
Homicida e
mentiroso— Astuto, falso, enganador
O divino Redentor resumiu em poucas palavras essa
psicologia diabólica: “Ele foi homicida desde o princípio, e não permaneceu na
verdade; porque a verdade não está nele; quando ele diz a mentira,fala do que
lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8, 44). O demônio
é homicida e o pai da mentira, o mentiroso por excelência que odeia a verdade,
porque a verdade nos conduz a Deus: "Eu sou o caminho, a verdade, a vida”
(Jo 14, 5); ele odeia o Criador e, tendo-se separado de Deus, separou-se para
sempre da verdade e da vida. E através da mentira que ele dá a morte, a morte
espiritual. Santo Agostinho, a respeito da afirmação de Jesus de que o demônio
é homicida e mentiroso, comenta: “Perguntamos de onde veio ao diabo o ser
homicida desde o princípio, e respondemos que matou o primeiro homem, não
enterrando-lhe o punhal ou infligindo-lhe qualquer outro dano no corpo, senão
persuadindo-o a que pecasse precipitando-o da felicidade do paraíso”. (Apud J.
MALDONADO S.J., Comentarios a los Cuatro Evangelios, p. 563)
Pe. João Maldonado, erudito exegeta jesuíta do
século XVI, observa sobre essa mesma frase - “Porque é mentiroso e
pai da mentira” (Jo 8, 44): “A maior parte dos autores entendem isto daquelas
palavras que o diabo disse a Eva: ‘Sereis como deuses, conhecendo o bem e o
mal.’ (Gen 3, 5); palavras em que evidentemente mentiu; quer dizer, uniu a
mentira com o homicídio (espiritual), perpetrando os dois crimes ao mesmo
tempo. ... Chama-se ao diabo pai da mentira porque é ele o autor e inventor da
mesma, de tal modo que pode dizer-se que deu à luz a ela” (J.
MALDONADO S.J., op. cit., pp. 564-566). Quando tenta o homem, procurando
afastá-lo de Deus, ele mente apresentando uma falsa imagem da realidade,
escondendo seus verdadeiros fins e enredando sua vítima no engano, no sofisma e
na falsidade.
Ele é
astuto, falso, enganador
“Satanás se distingue por sua astúcia — escreve
Mons. Cristiani. O que quer dizer esta palavra? A astúcia é um artifício
enganador. O ser que age por astúcia tem más intenções. Se ele fala, não é para
dizer a verdade, mas para enganar, para conduzir ao erro, à inverdade. Satanás
é falso. Não se pode confiar nele. O que falta antes de tudo nele é a eqüidade,
a lealdade, a franqueza. Ele é equivoco, voluntariamente obscuro e dissimulado”
(Mgr L. CRISTIANI, Présence de satan dons le monde moderne, p. 306.)
Soberba
demencial, inveja mortal
Por detrás dessa dissimulação se esconde o seu
desejo oculto, assim expresso por Mons. Cristiani: “Ser como Deus! Este ato de
orgulho é o fundo mesmo da psicologia de Satanás! ... ‘Vós sereis como deuses!’
Ele próprio, na sua queda, se considera como um deus. Seu orgulho não está
morto. O orgulho levado até à adoração de si mesmo é o que faz o demônio
voltar-se contra o Criador. É o orgulho que, tendo-o afastado de Deus, fez dele
o Adversário. No livro do Eclesiástico esta conseqüência do orgulho é posta em
evidência: ‘O princípio do orgulho é abandonar o Senhor e ter seu coração
afastado do Criador, porque o princípio do orgulho é o pecado, aquele que se
entrega a ele espalha a abominação.‘ (Ecli 10, 12-13). ... Compreendemos,
então, porque Jesus Cristo, que é a Via, a Verdade, a Vida, tenha definido
Satanás como o Pai da mentira, o homicida desde o começo. E, para
nós, este termo de homicida longe de ser excessivo, não diz senão um aspecto da
verdade total: Satanás é, com efeito, acima de tudo, o DEICIDA!” (Mgr L.
CRISTIANI, op. cit., p. 308.)
O orgulho de Satanás e seus anjos malignos não
conhece limites: "Que orgulho demencial — comenta ainda Mons. Cristiani —
nessa palavra de Satanás a Cristo, mostrando-lhe em espírito todos os reinos da
terra: ‘Tudo isto eu te darei se prostrado por terra me adorares!´O fundo
último da ambição satânica é este: Tirar de Deus seus adoradores, fazer
convergir as adorações dos homens para ele próprio!
"Resumamo-nos: o orgulho, a vontade de se fazer
deus, a astúcia, a inveja e o ódio do homem, tudo isto desembocando na mentira,
no homicídio, no deicídio: eis Satanás!”. (Mgr L.CRISTIANI, op. cit., p. 308.)
Não lhe importam as derrotas que sofre continuamente,
nem mesmo a final e definitiva a que está condenado; sua soberba se satisfaz
com os pequenos triunfos que obtém, no esforço de levar as almas à eterna
perdição.
Comenta o Cardeal Lepicier: “Escudado na satisfação
de certas vitórias parciais e na esperança de grandes triunfos e, ao mesmo
tempo, não se preocupando com as vergonhosas derrotas sofridas, Satanás
prossegue loucamente na sua faina de tentar arrastar as almas para a eterna
perdição. O seu pendão está sempre erguido e o seu grito insensato de desafio e
revolta ouve-se por toda parte: ‘Eu não quero servir! ‘ (Jer 2, 20)”. (Card.
A.LEPICIER. O Mundo invisível p. 240.)
O pai da
vulgaridade
Outro aspecto da psicologia maldita do demônio é a
vulgaridade. Odiando a Deus, ele odeia tudo aquilo que é verdadeiro, belo, bom.
Ele odeia a compostura, a dignidade, a seriedade, a serenidade.
O abade João Cassiano já observava no século V: “É
fora de dúvida que existe entre os espíritos impuros o que o vulgo chama
espíritos vagabundos, que são antes de tudo sedutores e bufões. Eles se postam
constantemente em certos lugares e se divertem em enganar, muito mais do que em
atormentar, aqueles que eles encontram. Eles se contentam em
fatigá-los por seus escárnios e suas ilusões..." (Apud Mgr L. CRISTIANI, op.
cit., p. 311.). São os famosos demônios bufões, que fazem talhar a
manteiga, secam o leite das vacas, desencadeiam enxames de vespas ou de
abelhas, etc., tudo para fazre os homens perderem a paciência, praguejarem,
blasfemarem. Mons. F. M. Catherinet, demonólogo francês, analisando a ação dos
demônios segundo as narrações evangélicas, traça deles o seguinte perfil: "Medrosos,
obsequiosos, poderosos, malfazejos, versáteis e mesmo grotescos...
(Mgr F. M. CATHERINET, Les Démoniaques dans l´Évangile, P.319. )
Em carta a Mons. Cristiani, o Pe. Berger-Bergès,
famoso exorcista, escreve: "Vós me perguntais ... qual é a psicologia
de Satanás, quando ele está submetido à ação dos exorcismos... É preciso
definir e resumir a psicologia de Satanás por estas palavras: ORGULHO,
DESPREZO DE SUA VÍTIMA, TENACIDADE!" | (Mgr L. CRISTIANI, op. cit., p.
312.)
(Fonte:
internet. Autoria:“Anjos e Demônios - A Luta Contra o Poder das Trevas”,
Gustavo Antônio Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo)
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