Ministérios dos anjos
"Anjos
do Senhor, bendizei ao Senhor...
Exércitos
do Senhor, bendizei ao Senhor".
(Dan
3, 58-61)
OS MINISTÉRIOS dos anjos são: em relação a Deus,
adorá-lo, louvá-Lo, servi-Lo, executando todos os Seus decretos em relação aos
demais anjos, quer aos homens, como também a toda a natureza material, animada
e inanimada; em relação aos demais anjos, os de natureza superior iluminam os
inferiores, dando-lhes a conhecer aquilo que vêm em Deus; em relação aos
homens, eles são ministros de Deus para encaminhá-los à pátria celeste,
protegendo-os, corrigindo-os, instruindo-os, animando-os; em relação ao mundo
material, eles são agentes de Deus para o governo do Universo.
Ministros
da liturgia celeste
O principal ministério dos anjos consiste em adorar,
louvar e servir a Deus: “Anjos do Senhor, bendizei ao Senhor... Exércitos do
Senhor, bendizei ao Senhor; louvai-O e exaltai-O por todos os séculos” (Dan 3,
58-61). “Bendizei ao Senhor, vós todos os seus anjos, fortes e poderosos, que
executais as suas ordens e obedeceis as suas palavras” (Si 102, 20). “Os
Serafins estavam por cima do trono... E clamavam um para o outro e diziam:
Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos” (Is 6,2-3).
Os santos anjos desempenham assim a liturgia
celeste:
"E vi os sete anjos que estavam de pé diante de
Deus ... E veio outro anjo, e parou diante do altar, tendo um turíbulo de ouro;
e foram-lhe dados muitos perfumes, a fim de que oferecesse as orações de todos
os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus. E o aroma
dos perfumes das orações dos santos subiu da mão do anjo até à presença de
Deus” (Apoc 8,2-4).
Esses puros espíritos são, pois, ministros do altar
e ministros do trono de Deus: eles cantam os louvores de Deus na presença do
Altíssimo, e apresentam-Lhe as nossas preces e as nossas boas obras; ao mesmo
tempo, descem até nós e nos trazem as graças e bênçãos divinas, verdade
belamente expressa na visão da escada de Jacó: “(Jacó) teve um sonho: Uma
escada se erguia da terra e chegava até o céu, e anjos de Deus subiam desciam
por ela” (Gen 28, 12).
Essa verdade, em termos práticos, significa que eles
são intercessores poderosíssimos diante de Deus. A eficácia da intercessão
angélica é testemunhada, entre muitas outras passagens da Escritura, por esta
do livro do Profeta Zacarias: “E o anjo do senhor replicou e disse: Senhor dos
exércitos, até quando diferirás tu o compadecer-te de Jerusalém e das cidades
de Judá, contra as quais te iraste? Este é já o ano septuagésimo. ... Isto diz
o Senhor dos exércitos: Eu sinto um grande zelo por Jerusalém e por Sião...
Portanto isto diz o Senhor: Voltarei para Jerusalém com entranhas de
misericórdia” (Zac 1,12-16). Isto nos deve mover a recorrer sempre com fervor e
cada mais a eles.
Guerreiros
dos exércitos do Senhor
As Sagradas Escrituras nos apresentam os anjos numa
guerreira, como a milícia dos exércitos do Senhor. Assim, o profeta Miquéias
exclama: “Eu vi o Senhor sentado sobre seu trono, e todo o exército do céu ao
redor dele, à direita e à esquerda” (3 Reis 22, 19). E o livro de Josué, ao
narrar a luta dos judeus para conquistar a Palestina, após saírem do Egito,
diz: "Ora, estando Josué nos arredores da cidade de Jericó, levantou os
olhos e viu diante de si um homem em pé, que tinha uma espada desembainhada.
Foi ter com ele e disse-lhe: Tu és dos nossos, ou dos inimigos? E ele
respondeu: Não; mas sou o príncipe do to do Senhor” (Jos 5, 13-14).*
* No Antigo Testamento os anjos são designados das
mais diversas formas: "príncipes"; "filhos de Deus";
"santos"; "anjos santos"; "sentidos vigilantes";
"espíritos"; "homem".
O próprio Deus, a quem servem esses anjos
guerreiros, é apresentado como o Deus dos exércitos. O profeta Oséias,
descrevendo a fidelidade de Jacó, registra: “E o Senhor Deus dos exércitos,
este Senhor ficou sempre na sua memória” (Os 12, 4-5). Amós profetiza a
prevaricação de Israel em nome do Senhor Deus dos exércitos: "Ouvi isto, e
declarai-o à casa de Jacó, diz o Senhor dos exércitos”. E adiante: “Pois sabe,
casa de Israel, diz o Senhor Deus dos exércitos, que eu vou suscitar contra vós
uma nação vos oprimirá” (Am 3, 13; 6, 15). Na visão do profeta Isaías: "Os
serafins .. clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo é o Senhor
Deus dos exércitos” (Is 6, 2-3). A mesma expressão é utilizada nos Salmos de
Davi: “Quem é esse Rei da Glória? O Senhor dos exércitos; esse é o Rei da
glória “. “O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é a nossa
cidadela" ( Sl 23,10; 45, 8). O Senhor Deus
dos exércitos, após a desobediência de nossos primeiros pais, “pôs diante do
paraíso de delícias Querubins brandindo uma espada de fogo, para guardar o
caminho da árvore da vida" (Gen 3,24). As hostes celestes combateram no
Céu uma “grande batalha" (Apoc 12, 7), derrotando e expulsando
Satanás e os anjos rebeldes. E na noite sublime do Natal, esses guerreiros
celestes apareceram aos pastores: “E subitamente apareceu com o anjo uma
multidão da milícia celeste louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus no mais
alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2, 8-14). Deus
confia à milícia celeste a defesa daqueles que O amam. Segundo os intérpretes,
um anjo exterminador matou em meio à noite todos os primogênitos do Egito (Ex
12, 29); e ao serem os judeus perseguidos pelo exército do Faraó, o anjo do
Senhor, que ia diante deles, se interpôs entre os egípcios e o povo escolhido
(Ex 14, 19). Quando Senaquerib ameaçava o povo eleito, Deus enviou um de seus
terríveis guerreiros angélicos: "Naquela mesma noite saiu o anjo de Iavé e
exterminou no acampamento assírio cento e oitenta e cinco mil
homens” (4 Reis 19, 35).
Às vezes os combatentes celestes se juntam aos
combatentes terrestres para dar-lhes a vitória, como se deu numa batalha
decisiva de Judas Macabeu:
“Mas, no mais forte do combate, apareceram do céu
aos inimigos cinco homens em cavalos adornados de freios de ouro, que serviam
de guia aos judeus. Dois deles, tendo no meio de si Macabeu, cobrindo-o com
suas armas, guardavam-no para que andasse sem risco da sua pessoa; e lançavam
dardos e raios contra os inimigos, que iam caindo feridos de cegueira, e cheios
de turbação. Foram pois mortos vinte mil e quinhentos homens, e seiscentos
cavalos” (2 Mac 10, 28-32).
O Senhor Deus dos exércitos envia igualmente seus
guerreiros para livrar seus amigos das mãos dos ímpios:
“Deitaram (os judeus) as mãos sobre os Apóstolos e
meteram-nos na cadeia pública. Mas um anjo do Senhor, abrindo de noite as
portas do cárcere, e, tirando-os para fora, disse: Ide, e , apresentando-vos no
templo, pregai ao povo toda as palavras desta vida” (At 5, 18-20).
“Herodes ... mandou também prender Pedro ... E
eis que sobreveio um anjo do Senhor, e resplandeceu de luz no aposento; e,
tocando no lado de Pedro, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram
as cadeias das suas mãos. E o anjo disse-lhe: Toma a tua cinta, e calça as tuas
sandálias. E ele fez assim. E o anjo disse-lhe: Põe sobre ti a tua capa e
segue-me. E ele, saindo, seguia-o, e não sabia que era realidade o que por
intervenção do anjo, mas julgava ter uma visão. E, depois de passarem a
primeira e a segunda guarda, chegaram à porta de ferro que dá para a
cidade, a qual se lhes abriu por si mesma. E saindo, passaram uma rua e,
imediatamente, o anjo afastou-se dele: Então Pedro, voltando a si, disse: Agora
sei verdadeiramente que o Senhor mandou o seu anjo, e me livrou da mão de
Herodes e de tudo o que esperava o povo dos judeus” (At 12, 1-11).
O próprio Salvador, para deixar claro aos Apóstolos
que Ele sofria a Paixão por espontânea vontade, disse a São Pedro, que O queria
defender por meio da espada: “Julgaste por ventura que eu não posso rogar a meu
Pai, e que ele não me porá imediatamente aqui de doze legiões de anjos?” (Mt
26, 53).
Executores
das vinganças de Deus
Esses guerreiros executam igualmente as vinganças de
Deus:
Diante dos pecados dos sodomitas, Deus enviou seus
anjos:
"Quanto aos homens que estavam à porta (da casa
de Lot e queriam abusar dos jovens que lá estavam), eles (os anjos) os feriram
com cegueira, do menor ao maior, de modo que não conseguiram achar a entrada “.
“Os anjos disseram a Lot ... nós vamos destruir este lugar pois é grande o
clamor que se ergueu contra eles diante do Senhor. E o Senhor nos enviou para
exterminá-los (Gen 19, 10-13).
"Quando os mensageiros do rei Senaquerib
blasfemaram contra ti, teu anjo interveio e feriu cento e oitenta e cinco mil
dos seus homens". (1 Mac 7,41).
Herodes Agripa, que perseguira São Pedro e matara
São Tiago, foi "ferido pelo anjo do Senhor e comido de vermes” (At 12,
23).
No fim do mundo:
"O Filho do homem enviará os seus anjos, e
tirarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade. E
lançá-los-ão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt13,
41-42).
"Quando aparecer o Senhor Jesus (descendo) do
céu com os anjos do seu poder, em uma chama de fogo, para tomar vingança
daqueles que não conheceram a Deus e que não obedecem ao Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo; os quais serão punidos com a perdição eterna longe da face
do Senhor e da glória do seu poder" (2 Tess 1, 7-9).
Mensageiros
celestes
O próprio nome de anjos indica já sua função:
enviados ou mensageiros de Deus. Com efeito, o original hebraico do Antigo
Testamento se refere a esses puros espíritos como mal´âk yahweh, isto é,
emissários de Deus. A versão grega utilizou a expressão angelos, a qual foi por
sua vez traduzida em latim por angelus, palavra que serviu de base
para as línguas ocidentais.
O Novo Testamento nos mostra a ação desses
emissários de Deus, comunicando aos homens as mais importantes mensagens
divinas. Assim, o arcanjo São Gabriel anuncia a Zacarias o nascimento do
Precursor, São João Batista: “Eu sou Gabriel, que assisto diante do trono de
Deus e fui enviado para falar-te e comunicar-te esta boa nova” (Lc 1,19). O
mesmo anjo anuncia à Santíssima Virgem o mistério da Encarnação: “Foi enviado o
anjo Gabriel da parte de Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma
virgem desposada com um varão de nome José, da casa de David; e o nome da
Virgem era Maria” (Lc 1,26-27). Um anjo aparece a São José em sonhos dando-lhe
a conhecer também esse mistério: “Eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em
sonhos dizendo: José, filho de David, não temas receber Maria como tua esposa,
porque o que nela foi concebido é (obra) Espírito Santo” (Mt 1,20).
A alegria do nascimento do Salvador foi anunciada
pela aos pastores: “Ora naquela mesma região havia uns pastores que velavam e
faziam de noite a guarda ao seu rebanho. E eis que apareceu junto deles um anjo
do Senhor, e a claridade de Deus os cercou,, e tiveram grande temor. Porém o anjo
disse-lhes: Não temais; porque eis que vos anuncio uma grande alegria, que terá
todo o povo. Nasceu-vos na cidade de David o Salvador, que é Cristo Senhor. E
eis o sinal: Encontrareis um menino envolto em panos deitado numa manjedoura. E
subitamente apareceu com o anjo uma multidão da milícia celeste louvando a Deus
e dizendo: Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa
vontade” (Lc 2,8-14). Um anjo aconselha à Sagrada Família fugir para o Egito
por causa da perseguição de Herodes: “Eis que um anjo do Senhor apareceu em
sonhos a José e lhe disse: Levanta-te, torna o menino e sua mãe e foge para o
Egito, e fica lá até que eu te avise; porque Herodes vai procurara menino para
o matar” (Mt 2, 13). Depois da morte de Herodes, o anjo torna a aparecer a São
José: "Morto Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu em sonho a José no
Egito, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de
Israel, porque morreram os que procuravam tirar a vida ao menino” (Mt 2, 19-20).
Consoladores
e confortadores
Em diversos episódios, a Sagrada Escritura nos
mostra os anjos no seu ministério de consoladores e confortadores dos homens em
dificuldades. Oprofeta Elias, sendo perseguido pela ímpia rainha Jezabel (a
qual introduzido em Israel o culto idolátrico de Baal), fugiu para o deserto;
ali, prostrado de desânimo e fadiga, adormeceu. “E um anjo do Senhor o tocou, e
lhe disse: Levanta-te e come". Elias abriu os olhos e viu junto de sua
cabeça um pão e um vaso de água; comeu e bebeu e tornou a adormecer. “E voltou
segunda vez o anjo do Senhor, e o tocou e lhe disse: Levanta-te e come, porque
te resta um longo caminho “. O Profeta levantou-se, e bebeu e, revigorado,
caminhou durante quarenta dias e quarenta noites até o Monte Horeb, onde Deus
iria manifestar-se a ele (3 Reis 19, 1-8).
Em sua vida terrena o próprio Salvador foi servido e
confortado anjos.
Assim se deu após o prolongado jejum no deserto e a
tentação do demônio: “Então o demônio deixou-o; e eis que os anjos se aproximam
e o serviam” (Mt 4, 11). Na terrível agonia do Horto das Oliveiras, depois de
Jesus exclamar: “Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice “, o Padre
enviou um anjo para confortá-Lo: “Então apareceu-lhe um anjo do céu que o
confortava” (Lc 22, 42-43). Na Ressurreição “um anjo do Senhor desceu do céu e,
aproximando-se, revolveu a pedra, e estava sentado sobre ela; e o seu aspecto
era como um relâmpago e as suas vestes brancas como a neve”. E o mesmo anjo
consolou as Santas Mulheres que haviam ido ao Sepulcro: “Não temais, porque sei
que procurais a Jesus que foi crucificado; ele já não está aqui, porque
ressuscitou como tinha dito” (Mt 28, 2-8).
Agentes de
Deus para o governo do Universo
É por meio dos santos anjos que Deus exerce o
governo do Universo.
Os Padres e Doutores da Igreja reconhecem nos anjos
um grande poder, não só sobre as plantas e animais, mas até sobre o próprio
homem. A Sagrada Escritura fala-nos também do anjo que tem poder sobre o fogo
(Apoc 14, 18), e daquele que manda nas águas (Apoc 16, 5).
Santo Agostinho diz que cada espécie distinta, nos
diferentes reinos da natureza, é governada pelo poder angélico. Segundo São
Tomás, Deus mesmo estabeleceu, até os mínimos detalhes, seu plano de governo do
mundo. Mas ele confia a execução desse plano, em graus variados, primeiro aos
anjos, depois aos homens, segundo suas funções diversas, e por fim às outras
criaturas.
Os anjos são os agentes da execução de Deus em todos
domínios. Como Deus governa tudo, os anjos O ajudam e obedecem em tudo.
Ele exerce seus desígnios no Cosmos pelo ministério dos anjos. “E claro
que as galáxias do céu, assim como as feras das florestas e os pássaros que
cantam para nós, e o trigo de nossos campos, os minerais e os gases, os prótons
e os nêutrons sofrem a ação dos anjos” comenta Mons. Cristiani. (Mgr L.
CRISTIANI, Les Anges, ces inconus, p. 651.)
São Tomás é categórico a esse respeito: “Todas as
corporais são governadas pelos anjos. E este é não somente o ensinamento dos
Doutores da Igreja, mas também de todos os filósofos" (Suma contra
Gentiles, lib. III, c. 1.)
E o Cardeal Daniélou explica: “Trata-se pois de uma
doutrina estabelecida pela tradição e pela razão. E nós, de nossa parte, pensamos
que o governo inteligente e forte do qual dá testemunho a ordem do cosmos pode
bem ter por ministros os espíritos celestes, em que pese o racionalismo de
alguns de nossos contemporâneos”. (Apud Mgr L. CRISTIANI, art. cit., p.651.)
Guias e
protetores dos homens
Os anjos, apesar de sua excelsitude, por desígnio de
Deus, são nossos amigos e companheiros. Eles nos protegem nas necessidades, nos
guiam nos perigos, nos sugerem continuamente bons propósitos, atos de amor e
submissão a Deus. Pela sua importância, a doutrina sobre os Anjos da Guarda
merece maior desenvolvimento. É o que faremos em capítulo à parte. Se o próprio
Deus se serve continuamente dos anjos, não devemos nós também recorrer sempre
aos príncipes dos exércitos do Senhor, aos mensageiros de Deus, invocando-os em
todas as nossas necessidades?
(Fonte:
internet. Autoria:“Anjos e Demônios - A Luta Contra o Poder das Trevas”,
Gustavo Antônio Solímeo - Luiz Sérgio Solímeo)
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